PENTECOSTES e a festa do divino
Por: Pai Alexandre Falasco

A imagem do Divino Espirito Santo no topo do Congá.
A chegada da época de pentecostes me lembra um fato curioso. Eu e a Mãe Silmara estávamos recolhidos no Terreiro Flecha Ligeira para minha camarinha de assentamento de orixá, quando fomos visitados por uma pessoa carregando um estandarte com uma flâmula vermelha e a imagem do Divino Espirito Santo no topo, toda enfeitada. Uma imagem muito parecida com a pombinha que víamos no topo do conga. Pai Salvador prontamente deixou que o homem entrasse e este passou com o estandarte por todos os cômodos do terreiro. No final ganhou uma gorjeta do sacerdote e foi embora. Pai Salvador nos olhou e disse, estão com sorte, fomos visitados pelo Divino, e nos explicou sobre a tradição que também matou nossa curiosidade sobre este elemento encabeçar a maioria dos altares umbandistas.
A imagem do divino que aparece no topo dos altares (congás) dos terreiros de umbanda, assim como a imagem de santos católicos, faz parte do sincretismo, característica da nossa religião que muito já falamos sobre. Mas especificamente da imagem do Divinos Espirito Santo pouco se fala e isso tem muito a ver com seu significado para católicos e evangélicos no que tange a comunicação com o sagrado e a transmissão da mensagem divina. Para isso precisamos entender o dia de Pentecostes.
O Dia de Pentecostes é uma celebração cristã que ocorre 50 dias após a Páscoa, marcando a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e outros seguidores de Jesus, conforme descrito no livro de Atos dos Apóstolos (Atos 2:1-4)
Para os católicos:
Pentecostes é considerado o nascimento da Igreja. A data celebra a efusão do Espírito Santo, que capacitou os apóstolos a proclamar o Evangelho a todas as nações. É uma das festas mais importantes do calendário litúrgico, encerrando o Tempo Pascal. A celebração enfatiza a unidade na diversidade e a missão evangelizadora da Igreja. O DOM DE TRANSMITIR A MENSAGEM DIVINA.
Para os pentecostais:
Pentecostes é visto como o modelo para a experiência contínua do batismo no Espírito Santo. A data é especialmente significativa, pois representa o derramamento inaugural do Espírito, que continua a ser buscado e vivenciado pelos fiéis. Os pentecostais valorizam os dons espirituais, como falar em línguas e profetizar, como manifestações do Espírito Santo. O DOM DE TRANSMITIR A MENSAGEM DIVINA.
Assim, enquanto os católicos veem Pentecostes como a fundação da Igreja e o cumprimento das promessas de Cristo, os pentecostais enfatizam a experiência pessoal e contínua do Espírito Santo na vida do crente.
E na Umbanda?
Embora o Dia de Pentecostes não seja uma celebração oficial na Umbanda, há paralelos simbólicos e espirituais entre essa data e práticas umbandistas.
Se pentecostes, para católicos e pentecostais, marca a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, capacitando-os a falar em diversas línguas e iniciar a missão evangelizadora. na Umbanda, embora não se celebre Pentecostes, há uma valorização semelhante da presença espiritual e da comunicação entre planos. O DOM DE TRANSMITIR A MENSAGEM DIVINA. Os médiuns incorporam entidades espirituais para transmitir mensagens, orientações e ajuda, o que reflete uma busca por conexão direta com o divino, Como se trata de uma religião sincrética, a imagem do Divino Espirito Santo aparece no topo do altar simbolizando essa conexão.
Festa do Divino Espírito Santo
Sobre o que aconteceu no Templo Flecha Ligeira, a explicação é a festa popular dessa data, um culto ao Espírito Santo, em suas diversas manifestações, é uma das mais antigas e difundidas práticas do catolicismo popular. O costume de festejar o Espírito Santo chegou ao Brasil já nas primeiras décadas do século XVI com a colonização portuguesa, mas ganhou ainda mais força no século XVII.
Além das festas populares, em algumas regiões do Brasil existe a tradição de entrarem nas casas com a bandeira enfeitada do Divino Espirito Santo, representando a chegada do mesmo em seus lares, em troca a pessoa recebe uma doação do dono da casa, o que também faz parte da tradição.