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Fechamento de Corpo "Nkula"

Por: Pai Alexandre Falasco

Fechamento de Corpo

Descubra de onde vem essa tradição e como ela se mantém viva no Barracão.

Todo ano, na Sexta Feira Santa, entre cânticos, rezas e firmezas, a família Barracão se prepara para o Fechamento de Corpo, um ritual profundo de proteção e renovação. O óleo consagrado, as ervas e os toques de fé dos Alawô conduzem cada médium ao encontro de sua força interior.

Mas o que é e de onde vem essa tradição?

O ritual de fechamento de corpo praticado no Barracão de Pai José de Aruanda tem raízes profundas nas tradições dos povos Bantu, especialmente entre os Ndembu de Luanda, em Angola. O ritual conhecido como Nkula entre os Ndembu era realizado para proteger os indivíduos contra negatividades e perigos espirituais.

No contexto brasileiro, práticas similares foram preservadas e adaptadas nas religiões afro-brasileiras. No Candomblé de Angola, por exemplo, realiza-se o ritual da Kura na Sexta-feira Santa, que também visa à proteção espiritual dos participantes. Essas tradições foram mantidas e reinterpretadas em diferentes contextos, incluindo a Umbanda.

No Barracão de Pai José de Aruanda, o ritual de fechamento de corpo realizado na Sexta-feira Santa é uma expressão contemporânea dessas práticas ancestrais. Ele incorpora elementos como o bate-folha, o uso do óleo ungido e a virada para Exu e Pombagira (Nkisi Mavile), que refletem a continuidade e a adaptação sincréticas no Brasil.

Por que na Sexta-feira Santa?

A prática do Fechamento de Corpo na Sexta-feira Santa nos terreiros afro-brasileiros, como na Umbanda e no Candomblé Angola, é um exemplo marcante de sincretismo religioso. Embora a Sexta-feira Santa seja uma data cristã que rememora a crucificação de Jesus Cristo, as religiões de matriz africana no Brasil ressignificaram esse dia, incorporando-o às suas tradições espirituais.

Durante o período colonial, os praticantes das religiões africanas foram forçados a adaptar suas práticas ao calendário católico para evitar perseguições. Assim, muitos rituais africanos foram associados a datas cristãs, permitindo que as tradições ancestrais fossem preservadas sob a aparência de celebrações católicas. E até hoje a maioria dos feriados no Brasil são datas de celebrações católicas e as outras religiões acabam se adaptando, além do que a Umbanda também é cristá e nesse dia em que milhões de pessoas se conectam pela fé, a Umbanda se une à egrégora planetária de oração, cura e transformação. Os terreiros canalizam essa força coletiva para fortalecer e proteger seus filhos.

O óleo ungido, cujo alho é pilado pelas mãos das Mães de Santo no Barracão e cruzado pelo Preto Velho Pai José de Aruanda, é utilizado para o rito. O uso sagrado de óleo também tem uma longa história nas religiões de todo o mundo, e é frequentemente associado à purificação, à cura e à proteção espiritual. No Barracão também tem a função de preparar e consagrar o médium para o serviço religioso bem como trazer proteção para o indivíduo realizar tal tarefa.

Se você quiser conhecer ainda mais sobre o assunto, clique e acesse as seguintes matérias neste nosso site:

20º Fechamento de Corpo no Barracão de Pai José

O Óleo Ungido da Sexta Santa

A Influência Bantu na Umbanda

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