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Eles vão numa gira só

Por: Pai Alexandre Falasco

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"Subida" dos Guias: O Momento Final da Gira

A chegada do encerramento de uma gira é um dos momentos mais intensos e significativos na prática mediúnica. Nesse instante, a dinâmica dos Guias se revela com toda sua força, e o protocolo de "subida" é fundamental para manter a ordem, a energia e o fluxo adequado dos trabalhos espirituais.

A tradição dita que a ascensão dos Guias só deve ocorrer quando o Guia Chefe, a autoridade espiritual máxima daquela sessão, autoriza esse movimento. Essa autorização não é uma questão meramente hierárquica, mas sim uma medida para garantir que A ENERGIA ACUMULADA DURANTE A GIRA SEJA CANALIZADA DE FORMA SEGURA E EFICAZ. O processo é rigorosamente orquestrado: antes de qualquer guia subir, é necessário que todos os consulentes já tenham sido atendidos e que no conga estejam apenas médiuns da corrente. A ordem de subida é outro aspecto importante. Primeiro, "desincorporam" os Guias dos médiuns em desenvolvimento - os cambonos -, que ainda estão aprendendo a lidar com as irradiações e a sintonia com os Guias, nesse momento os médiuns mais experientes, os chamados médiuns passistas devem estar incorporados dos seus Guias justamente para auxiliar os seus cambonos. Em seguida, os Guias dos médiuns passistas recebem autorização para subir. Por fim, os Pais e Mães de santo, que possuem uma experiência consolidada, completam o grupo que realiza a "subida". Essa sequência reflete o respeito à evolução mediúnica de cada indivíduo, além de garantir que a energia dos Guias se despeça da gira de forma ordenada e transparente.

Além disso, durante a ascensão dos Guias, é comum que sejam tocados pontos cantados específicos para cada conjunto de entidades. Essa alternância - onde os pontos se misturam com paradas estratégicas da curimba - é fundamental para "acompanhar" a energia em transição, permitindo que cada grupo se despeça de maneira singular e respeitosa.

Em resumo, a curimba anuncia a subida dos Guias dos médiuns em desenvolvimento e toca para que isso ocorra dentro da tradição ritual, em seguida a curimba para de tocar, anuncia a subida dos Guias dos médiuns passistas e toca para este grupo, e assim até a hora da subida do Guia chefe, sempre com pausas entre um grupo e outro.

Apesar de ser o ideal, nem sempre o protocolo é seguido com a clareza necessária. Muitas vezes, por conta do atraso natural do tempo ou por falhas na comunicação interna, a ordem pode se confundir. Contudo, as próprias Entidades, com sua sabedoria, costumam "ajustar" o fluxo energético, e mesmo sem as pausas e chamadas individuais dos grupos se mantem a ordem hierárquica das subidas dos Guias.

Esse ritual é conhecido por muitos como "subida numa gira só", indicando que o tempo já avançou e que é preciso que todos os Guias se despeçam em um único ponto cantado, mas como já dito, ainda com a observação da ordem dos grupos para o movimento correto das energias.

Em síntese, a ascensão dos Guias é um ritual meticulosamente organizado que evidencia a importância da disciplina, do respeito à hierarquia e da sintonia entre os médiuns, as entidades e a curimba. Cada detalhe, desde o chamado para a subida do primeiro grupo até o toque final dos pontos de encerramento, tem o objetivo de garantir que a comunicação espiritual se encerre com a mesma harmonia e reverência com que começou. Esse momento final não é apenas o fim de uma gira, mas a celebração do elo que une os mundos, reforçando a responsabilidade e o compromisso dos médiuns com o bem-estar dos seus irmãos e de si próprio, além daqueles que procuram auxílio no terreiro.

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