Os principais Orixás do Panteão Iorubá
Por: Pai Alexandre Falasco

África Ocidental, uma das bases das religiões afro-brasileiras.
O panteão iorubá é repleto de divindades que representam as forças da natureza e os aspectos mais profundos da existência humana. Cada Orixá possui características únicas, ligadas às manifestações da natureza e à vida cotidiana, refletindo a riqueza das tradições da África Ocidental.
A Nigéria é o país mais populoso do continente africano e faz fronteira com o Benim a oeste, o Níger ao norte, o Chade a nordeste, os Camarões a leste e o Oceano Atlântico ao sul. Lá é o berço da cultura iorubá, que é uma das bases das religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, apesar de esta última também ter forte influência dos povos Bantu
Mas vamos agora falar sobre os principais Orixás Iorubás:
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Oxalá
Pai de todos os Orixás, Oxalá é a divindade da criação, da paz e da sabedoria. Representa a pureza espiritual e o equilíbrio, sendo associado à cor branca. Ele é descrito como um ser paciente e justo, regendo com serenidade e firmeza. Nas celebrações, Oxalá é invocado para trazer harmonia, saúde e prosperidade.
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Oxum
Oxum é a deusa das águas doces, dos rios e cachoeiras. Ligada à fertilidade, à beleza e ao amor, é considerada uma das esposas de Xangô na mitologia iorubá. Ela é conhecida por proteger gestantes e crianças, além de trazer prosperidade e harmonia. Durante os rituais, seus devotos a representam com roupas amarelas ou douradas, simbolizando o ouro, elemento que está diretamente associado à sua energia.
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Ogum
Orixá do ferro, da guerra e da tecnologia, Ogum é o ferreiro divino e patrono de guerreiros, artesãos e engenheiros. Ele é descrito como desbravador, responsável por abrir caminhos e vencer desafios. Em suas representações, carrega uma espada ou facão, que simbolizam força e coragem. Ogum também está ligado às estradas e encruzilhadas, sendo invocado para proteção em momentos de transição e jornadas.
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Iemanjá
Rainha dos oceanos e mares, Iemanjá é a grande mãe do panteão iorubá, associada à maternidade e à proteção familiar. Ela é vista como fonte de vida e fecundidade, conectada às águas salgadas. Em algumas tradições, é sincretizada com figuras como Nossa Senhora da Conceição, sendo uma representação do cuidado e acolhimento materno. Suas celebrações costumam envolver oferendas ao mar, como flores e perfumes.
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Xangô
Xangô é o poderoso deus do trovão e da justiça, além de ser um rei lendário entre os iorubás. Ele é um líder forte, sábio e justo, conhecido por punir os injustos e proteger seus devotos. Seu elemento é o fogo, e ele é frequentemente representado com o oxé (machado de duas lâminas), símbolo de equilíbrio entre força e sabedoria. Os rituais de Xangô incluem ritmos intensos e celebrações grandiosas.
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Iansã
Iansã, senhora dos ventos e tempestades, é a guerreira destemida que governa o movimento do ar. Ligada à transformação, à força e à paixão, ela é também uma guardiã dos mortos. Na mitologia, foi uma das esposas de Xangô, compartilhando de sua energia vibrante. Seus seguidores a representam com roupas em tons de vermelho e amarelo, cores que refletem sua conexão com o fogo e o movimento.
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Oxóssi
Oxóssi é o Orixá das matas, da caça e da fartura. Ele é visto como protetor dos animais e da natureza, além de ser um grande caçador que traz o sustento para sua comunidade. Sua ligação com o equilíbrio ambiental e a sustentabilidade faz dele uma divindade essencial no panteão iorubá. É representado com um arco e flecha, símbolo de precisão e foco.
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Nanã
Nanã é a Orixá das águas profundas, dos mangues e da ancestralidade. Representa o ciclo da vida, sendo responsável pela passagem dos espíritos para o outro plano. Ela é vista como uma figura sábia e acolhedora, ligada ao conhecimento ancestral e à renovação. Seus filhos a evocam para trazer calma, maturidade e compreensão.
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Obaluaiê/Omulu
Obaluaiê, ou Omulu, é o Orixá ligado à terra e às doenças. Ao mesmo tempo em que é temido por causar enfermidades, ele também é invocado para curar e trazer saúde. Vestido com a palha da costa, simboliza os mistérios da vida e da morte. Suas celebrações incluem oferendas de pipoca (deburu), elemento que representa transformação e prosperidade.
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Oxumaré
Oxumaré é o Orixá do arco-íris e da continuidade, associado à renovação e ao ciclo da vida. Metade do tempo vive no céu como arco-íris, e a outra metade na terra como uma cobra, simbolizando dualidade e equilíbrio. Ele é responsável pela manutenção da vida e das riquezas, sendo também uma divindade de grande poder.
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Logunedé
Logunedé é o jovem e belo Orixá que combina as características de Oxóssi e Oxum, seus pais. Ele vive metade do ano nas matas, como caçador, e a outra metade nas águas doces, como pescador. Representa a dualidade, a jovialidade e o equilíbrio entre forças complementares.
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Ewá
Ewá é a deusa da adivinhação, da beleza e da feminilidade. Representa o mistério e o poder do oculto, sendo invocada para ajudar em questões espirituais e nas escolhas difíceis. Ela é associada ao pôr do sol, um momento de transição entre o dia e a noite.
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Obá
Obá é a Orixá guerreira das águas revoltas, ligada à força, à determinação e ao amor-próprio. Na mitologia, ela foi uma das esposas de Xangô, sendo conhecida por sua coragem e lealdade. Representa a força feminina em momentos de superação.
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Irokô
Irokô é o espírito das árvores sagradas, em especial a gameleira. Ele é considerado uma ponte entre o mundo material e o espiritual, sendo um símbolo de proteção e estabilidade. Suas celebrações costumam acontecer ao redor de árvores, reforçando sua ligação com a natureza.
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Ibeji
Ibeji é o orixá que representa os gêmeos na mitologia iorubá. O nome "Ibeji" deriva da junção dos termos iorubas "ibi" (nascimento) e "eji" (dois), significando "nascimento duplo". Eles simbolizam a dualidade, a alegria e a vitalidade da infância. Na cultura iorubá, os gêmeos são considerados portadores de boa sorte e são profundamente venerados. Acredita-se que eles tragam prosperidade e proteção às famílias. No Brasil, Ibeji é sincretizado com os santos católicos São Cosme e São Damião, e sua celebração ocorre em 27 de setembro, marcada por festas com distribuição de doces e brinquedos para crianças.
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Ossaim
Ossaim é o orixá das ervas e detentor do segredo das folhas sagradas, Ossaim é o guardião do axé presente na natureza. Seu domínio sobre as plantas torna possível a realização de rituais e curas, sendo reverenciado por ensinar aos homens o poder das folhas. Representa a sabedoria, o conhecimento e a harmonia com o meio ambiente, vivendo nas matas e governando a ciência das ervas. É associado ao profundo respeito pela natureza e à preservação da vida.
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Exu
Exu é o mensageiro dos Orixás, responsável pela comunicação entre os humanos e o divino. Ele é o guardião das encruzilhadas e o senhor dos caminhos. Sem Exu, nenhum ritual pode acontecer, pois ele é quem abre os portais para a conexão espiritual.
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Orunmilá
Ifá é o sistema divinatório da religião iorubá, e também refere-se ao orixá Orunmilá, considerado o oráculo supremo e detentor do conhecimento sobre o destino e o futuro. Orunmilá é o orixá da sabedoria e da adivinhação, sendo consultado para orientar decisões importantes e compreender os desígnios do destino. O sistema de Ifá utiliza o Opele Ifá ou o Opon Ifá, instrumentos sagrados usados pelos babalaôs (sacerdotes de Ifá) para interpretar os odus, que são os signos ou padrões revelados durante a consulta. Cada odu contém ensinamentos, histórias e parábolas que guiam os seguidores em suas jornadas espirituais e materiais.
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Essa visão do panteão iorubá evidencia a riqueza de suas divindades e suas conexões com os elementos naturais e a vida cotidiana. Cada Orixá carrega ensinamentos profundos que nos ajudam a compreender a espiritualidade e nossa relação com o mundo ao nosso redor. Axé!