Ofò - Encantando as ervas!
Por: Leonardo Raposo
Para o povo Iorubá , o poder mágico das ervas só é possível se as mesmas forem acompanhadas de palavras que as encantem, o Ofò.
O grande poder mágico das ervas , acredita o povo Iorubá, só é possível quando em conjunto com as encantações faladas (Ofò) , essas palavras e frases geralmente são curtas e apresentam o nome da erva e o que se espera dela.
Um exemplo tirado do livro Ewé de Pierre Verger é o Ofò para a mulher ter um bom parto:
Àgbàdo bá wa gbé omo wá lé
Ewé ahárá májé ki oyún ó há
Kán-ún bílálà La ònà fómo.
SIGNIFICADO:
Milho, ajude-me a fazer a criança descer
A folha de ahárá não deixa que a gravidez atrase.
Potássio concentrado, abra o caminho para a criança.
Ou seja, com a devida concentração e Ofò , essas ervas em conjunto tem o poder de ajudar num bom parto.
O caboclo Pena Branca disse certa vez que uma erva macerada é só uma erva macerada, temos que manuseá-las com concentração e ir conversando com elas, só assim extraímos o seu verdadeiro poder.
É claro que o Iorubá não é um idioma de fácil entendimento e nem de fácil aprendizado, porém podemos usar sim o poder dessas ervas sem o conhecimento do Iorubá. Assim como fazemos nossas preces com fé e concentração , esse princípio deve ser usado no trato com as ervas, seja num simples banho ou em algum outro ritual mágico.
Ao se preparar um banho, por exemplo, não podemos simplesmente preparar esse banho enquanto se conversa com alguém ou enquanto se faz o café, devemos reservar um tempo solitário e calmo para isso, desde o colher das ervas até o momento de tomar o banho.
A licença ao colher a erva deve ser pedida, a conversa com entidade ou orixá deve ser feita em todo o momento do preparo desse banho, assim como a "conversa com a erva", se tudo assim for feito corretamente, o momento de tomar o banho será sim um ritual mágico , onde o poder daquela erva entrará em contato direto com a pessoa e assim concluindo esse ritual, seja esse banho de descarrego, de preparo para um trabalho de incorporação e etc.
O que não podemos nunca é deixar o trato com as ervas se tornar algo mecânico, se queremos explorar o real poder delas, devemos sempre levar esse trato muito a sério e fazer disso sempre algo ritual.