Trabalho de praia no terreiro?
Qual a diferença entre o trabalho conjunto de terreiros na praia e uma festa dentro do ilê?
Este ano aconteceu nossa PRIMEIRA Festa de Iemanjá no Barracão de Pai José de Aruanda, sim, primeira.
Durante anos participamos da festa anual para nossa Mãe Iemanjá na Praia Grande/SP, engrossando o movimento umbandista no propósito de mostrar a força de nossa religião unindo centenas de terreiros ao longo da orla num verdadeiro manifesto em favor de uma causa religiosa, legítima, válida e significativa aos olhos da sociedade.
Porém, aos olhos voltados para o lado fundamental, litúrgico e ritual, aparecem questões, principalmente pela mistura de toques, giras diferentes realizadas uma logo ao lado da outra, resultando na falta de concentração necessária para tão importante momento espiritual, mas que sempre vale a pena pela militância, pela demonstração pública da nossa união.
Neste ano, depois destes 10 outros anos de rito/manifesto, resolvemos brindar nossa comunidade terreiro com um ritual unicamente voltado à energia de nossa Mãe Janaína e seus mensageiros, longe da areia da praia, porém perto dos nossos corações, dentro da nossa igreja, trazendo assim esse axé para nosso lar, nossa família Barracão.
A energia de receber seus guias de luz com os pés na areia do mar, na praia, é ímpar e a confraternização com os irmãos de outros terreiros é uma troca de conhecimento prático que reforça a necessidade de se respeitar ainda mais as diferenças nos ritos de uma casa para outra. Contudo, realizar este mesmo rito dentro de nosso terreiro traz outros benefícios, diferenciais como segurança, higiene, conforto e como já citamos, uma concentração maior nos toques e nas linhas que estão passando em terra.
O ideal é que se pudesse fazer as duas coisas, participar do ato coletivo na praia e realizar o ritual puro dentro de nossas tendas.
Esta nossa experiência foi um momento único, diferente, onde médiuns, assistidos e simpatizantes formaram uma só corrente, sem divisões, onde espíritos de nossos ancestrais vieram para serem novamente nossos Guias, trouxeram sua paz e sua luz, e nós fomos, mais do que nunca, a representação de nossa irmandade, como irmãos e como iguais.