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30 de Setembro, dia de Xangô.

30 de Setembro, dia de Xangô.

Conheça mais sobre o Orixá e o santo São Jerônimo.

Xangô é o deus do trovão, sua majestade se confunde com sua importância para os filhos-de-santo, tão verdadeiro este fato que em alguns lugares no Brasil, como em Pernambuco, por exemplo, diversos cultos atendem pelo nome de Xangô.

Na Bahia, forte reduto da prática do Candomblé, os terreiros mais importantes e antigos têm Xangô como Orixá principal de suas casas, a Casa Branca do Engenho Velho, a primeira casa de Candomblé da Bahia provavelmente teria sido fundada pela Ia Nassô trazida de Oyó como escrava logo após seu reino ser dizimado pelos árabes.

Da Casa Branca surgiram os terreiros Ilé Yaomi Axé Yamassê (chamado também de Terreiro do Cantuá ou Gantois, bastante conhecido através de Mãe Menininha) e também o Ilê Axé Opô Afonjá de Mãe Aninha e Mãe Senhora, hoje dirigido por Mãe Stella de Oxóssi, Todos colocando o Orixá sincretizado com São Jerônimo em grande destaque dentro de sua liturgia.
 
Xangô é o fogo, o raio, o trovão, seu axé está nas pedreiras, nas rochas que não se consegue quebrar a não ser pelo seu próprio raio, tão duras e fortes que são a exemplo do próprio Orixá. Sua área de maior atuação é a justiça, assim como seu símbolo principal é o “Oxé”, um machado de duas lâminas, pois não se faz justiça sem que se atente para os dois lados de cada situação. Além disso, Xangô representa a liderança, a autoridade, e sem dúvida o erotismo no seu melhor sentido e tradução. Foi casado com três divindades: Obá, Oxum e Oiá, esta última guerreira teria reinado ao seu lado até o fim de sua jornada antes de se tornar Orixá.
 
Xangô também aparece sincretizado com São João Batista e São Pedro, ambos comemorados em Junho e por isso, são junho e setembro os meses onde se vê maior devoção ao Orixá.


 
Na Umbanda Xangô é São Jerônimo. 
Entenda o fenômeno do sincretismo que liga o Orixá ao Santo.

 

30 de setembro é o dia do padroeiro das secretárias, o santo católico São Jerônimo, conhecido como santo das letras pela sua grande contribuição como tradutor da bíblia para o latim.

O Fato curioso é que São Jerônimo passou a ser comemorado com destaque em outra religião, a brasileira Umbanda, que assim como as demais de matriz africana, coloca o santo como um dos principais de sua teogonia, identificando-o como Xangô, o orixá da justiça.
 
Isso acontece por causa do fenômeno do sincretismo religioso, que une santos com orixás em uma única divindade.

Isso foi herança de nossos antepassados africanos, que proibidos de cultuar seus próprios santos, os Orixás, estes negros escravos identificavam nos santos católicos as características que julgavam parecidas com suas divindades, podendo dessa forma cultuá-los sem represálias por parte dos seus senhores, e São Jerônimo foi sincretizado então, com um dos maiores e mais importantes Orixás do panteão africano, Xangô, o Rei da cidade estado de Oyó, na África.

A FESTA

 

Grandes manifestações religiosas e festejos em sua homenagem acontecem todo dia 30 de setembro na Umbanda, como, por exemplo, a tradicional vigília do Barracão de Pai José, que todo ano começa na sexta-feira e só acaba na noite do dia seguinte, na grande festa para a Divindade. Esta vigília perdura 24 horas ininterruptas, onde entidades de todas as giras vêm em terra trazer seu axé ao andor que levará o Orixá, nesta madrugada se realizam oferendas, preces e demais rituais alusivos à divindade.

Na verdade é uma forma de agradecer e renovar nossos pedidos por justiça, paz e saúde, para nós e para a comunidade, restabelecendo o vinculo sagrado com nosso Orixá Xangô, um dos patronos do Barracão.

O destaque da festa fica por conta da tradicional comida de santo, preparada pela Ialorixá Silmara e os belos enfeites que recepcionarão a chegada dos espíritos dos caboclos de Xangô, que acreditamos tratar-se dos mensageiros do Orixá e que incorporam nos médiuns para trazer esta mensagem.

 

Veja fotos de uma destas festas clicando aqui !
 
Vale lembrar que a vigília é um ritual fechado, sem a participação de assistência, enquanto que a festa é aberta a todos, havendo atendimento das entidades para com os consulentes no sábado.

 

 

 

O Santo São Jerônimo 
Conheça a história do Santo católico, doutor máximo das escruturas.

 

30 de setembro é a data de seu falecimento no ano de 420. Mesmo entre os adeptos da própria igreja cristã, poucos conhecem São Jerônimo, que nasceu na cidade de Estrido, Dalmácia, (atualmente faz fronteira com a Iugoslávia) e estudou em Roma, gramática, filosofia, retórica, e demais ciências direcionadas a melhor conhecer o homem, a humanidade.

Mas São Jerônimo ficou conhecido mesmo por um feito histórico: a pedido do Papa Dâmaso, traduziu com precisão para o latim, o Antigo e Novo Testamentos, que com o nome de “Vulgata”, se tornou a Bíblia oficial do cristianismo. Por isso este santo é chamado o “Doutor Máximo das Escrituras”.

Sua imagem sempre traz um livro em uma das mãos que representa a Bíblia e uma pedra noutra, com a qual se auto punia, investindo-a contra o próprio peito quando acreditava estar tendo pensamentos contrários aos ensinamentos de Deus. “Quem ignora as escrituras, ignora a Cristo”. Este era seu lema e com alegria e prazer se empenhou para enriquecer a Igreja saindo de Roma como um monge penitente e estudioso, e assim continuou seus trabalhos escritos.

 

 

 

Dados do culto ao Orixá

"XANGÔ, o grande rei, Orixá da justiça, aquele que resolve impasses e lidera seu povo como ninguém, vaidoso, rico e elegante, absoluto nas montanhas e pedreiras, seus domínios naturais".

Dia da semana: Quarta-feira
Saudação: Caô Cabiecilê!
Sincretismo: São Jerônimo - comemorado no dia 30 de setembro e também São João Batista (24.6) e São Pedro (29.6).
Cores: Na Umbanda, marrom, no Candomblé, vermelho e branco. 
Símbolos: O oxé, machado de lâmina dupla feita em pedra e a pedra de raio. 
Onde recebe oferendas: Nas montanhas e pedreiras.
Principais oferendas: Velas, charutos, cravos brancos e vermelhos, suas comidas e bebidas.
Bebida: Cerveja preta.
Elemento: Fogo.
Algumas ervas: Folha de fumo, taboa, jatobá. 
Animais: Tartaruga
Comida: Amalá, caruru (quiabo), bacalhau com quiabo, fruta do conde. 
Domínio: A montanha, raio, trovão e pedreiras. 
Particularidade: Trabalha principalmente com a justiça. 
Características: Justiceiro, líder, calmo, egocêntrico, vaidoso, mandão. 
Quizila: Morte e mortos (eguns).

ALGUNS ITÃS

Oxum colocou uma condição para aceitar se casar com Xangô, disse que só seria sua esposa se Xangô carregasse seu Pai, Oxalá, que estava bem velho, pelo resto de sua vida e Xangô, apaixonado que estava pela doce Oxum, aceitou o trato.
Passado o casamento e as núpcias, Xangô teria que saldar sua dívida com Oxum, então Xangô desfez seu colar de contas vermelhas, que é sua cor, e refez o colar incluindo contas brancas, se dirigiu a Oxum e disse:
- Minha promessa está cumprida, veja, as contas vermelhas são minhas, as brancas são de Oxalá, portanto, de agora em diante eu sempre vou estar carregando seu pai no meu pescoço.
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Xangô a muito estava viajando com seu amigo Oxalufã. Como Oxalufã é muito velho, Xangô estava carregando o Orixá, ao passar pelas redondezas de Oyó resolveu subir em uma pedreira para mostrar ao velho amigo seu reino, e lá foi Xangô, até o topo da montanha com Oxalufã nas costas. Ao chegar no topo, enquanto apreciava seu reino, avistou sua esposa Oiá, fazendo seu amalá. Estão aí duas coisas que Xangô não resiste, a mulher e o amalá, e se pôs a correr montanha abaixo esquecendo completamente que carregava Oxalufã. Este por sua vez caiu, se esborrachando na pedreira e Xangô nem percebeu, só foi se dar conta do erro que cometera depois de saciada suas necessidades.

 

Textos extraídos do livro:
"CARMA - AQUILO QUE DEIXAMOS DE FAZER"
Autor: Pai Alexandre Falasco
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